Coach

A confissão sacramental contava, até há pouco tempo, com um complemento harmonioso e delicado que a santidade da Igreja destilou ao longo de séculos de experiência no pastoreio das almas: a direção espiritual. Seja durante o sacramento da penitência, seja fora dele, o fiel podia encontrar uma palavra de apoio, um rumo seguro para resolver ou ao menos mitigar os problemas que afligem a humanidade peregrina nesta terra de exílio e provação. O portador dessa palavra era geralmente um sacerdote, mas poderia também ser um leigo virtuoso e experiente nas vias de Deus. Por isso a Revolução anticristã, que há séculos avança inexoravelmente rumo à irreligiosidade e ao ódio a Deus, não podia suportar que os católicos se beneficiassem dessa instituição, tão ligada à penitência.

São João Bosco, educador exemplar, atende discípulos seus em confissão.

A campanha contra a direção espiritual teve dois modos principais de se exercer. De um lado, a disseminação de uma falsa igualdade entre os homens, pela qual todos seriam auto-suficientes e não necessitariam de conselhos nem orientações. De outro, uma ação sorrateira no interior dos meios eclesiásticos, atingindo de tal modo a formação sacerdotal, que os fiéis começassem a desconfiar da segurança e mesmo da ortodoxia de muitos conselhos que recebiam.

A direção espiritual desvaneceu-se, e a primeira conseqüência foi que as almas ficaram abandonadas, inseguras, ansiosas, algumas até desesperadas.

Proliferaram então soluções “substitutas”. Fazendo tabula rasa do aspecto religioso, começou a aparecer uma legião de psicólogos, terapeutas, psicanalistas e outros que tais –orientadores laicos (para não dizer ateus) tentando resolver problemas cujo fundo é evidentemente religioso.

A última moda no gênero consiste num tipo de personal trainers (orientadores pessoais) que atende pelo nome de life coach (treinadores da vida), contratados para auxiliar as pessoas a lidar com seus problemas. Eles orientam o cliente (não é mais o penitente) a identificar suas deficiências e a traçar um plano de metas. Em encontros que duram em média uma hora, o coach utiliza técnicas da terapia cognitivo-comportamental, da programação neurolingüística e da inteligência emocional, além de uma série de estratégias típicas de programas de recursos humanos, para ajudar as pessoas em busca de uma vida melhor.

Um dos numerosos sites que oferecem serviços de life coach

“O coach é um profissional que trabalha o desenvolvimento pessoal, ajudando o cliente a descobrir seus valores e estabelecer metas. Depois disso, ajuda-o a partir para a ação, tudo com base em perguntas que são feitas durante as sessões”, afirma a coach Andrea Lages. “O papel do coach é similar ao do treinador da equipe esportiva, que trabalha com o atleta para que ele fique mais consciente do que precisa desenvolver", explica o coach Rhandy Di Stéfano. A atividade ainda não é regulamentada no País (“O Estado de S. Paulo”, 6-5-05).

A seu modo, como se vê, é um substitutivo laico para a direção espiritual católica. Não se fala, evidentemente, em paz de consciência, a única que dá condições para a pessoa ser inteiramente equilibrada. fora que a tendência do coach é tirar Deus do centro e colocar o indivíduo.

Ah! estava me esquecendo: a direção espiritual católica é fruto da virtude teologal denominada caridade. O coach tem um preço que varia de R$ 80 a R$ 350 por sessão...

Irei escrever um texto falando sobre a confissão.

In corde Jesus, semper.