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Do Pet ao Plástico: A Fuga da Realidade em uma Sociedade Doente


Uma reflexão católica sobre a infantilização do amor, a negação da cruz e a crise do sentido humano


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Vivemos uma era curiosa. Uma época em que ser mãe ou pai de verdade é visto como opressor, mas ter uma boneca de vinil ou um cachorro vestido com roupinhas de bebê é celebrado como sinal de amor. Uma geração que não quer crescer, não quer sofrer, não quer servir, mas que quer amor, companhia e afeto sob controle absoluto. O fenômeno dos bebês reborn, levado ao extremo de disputas judiciais, atendimentos hospitalares e vínculos emocionais doentios, não surgiu do nada. Ele é o fruto de uma mentalidade construída há décadas, e que pode muito bem ter suas raízes na cultura dos “pais de pet”. Tratar um pet como uma pessoa e amá-lo como tal não fará com que ele te ame como um ser humano; ele te tratará como um cachorro. Afinal, ao contrário deles, somos racionais — ainda que muitos não façam bom uso da razão.


1. O Início da Queda: “Pais de Pet” e a Afetividade sem Cruz


O termo “pai de pet” é frequentemente usado com ternura e humor. Mas por trás dele pode haver uma mentalidade perigosa e profundamente distorcida: a de que se pode viver uma experiência de amor, cuidado e companhia sem as exigências, renúncias e sacrifícios que o verdadeiro amor impõe.


É verdade que cuidar de um animal exige escolhas: alimentação, veterinário, tempo. Porém, a relação com um pet é mais simples, mais previsível, mais controlável, e não exige a renúncia integral de si mesmo que a maternidade e a paternidade humanas exigem.


Quando a sociedade começa a romantizar o amor que não corrige, que não cresce, que não confronta, que não exige cruz, ela já está de joelhos diante de um falso deus: o deus do ego acariciado.


2. Do Bicho ao Boneco: A Evolução do Egoísmo Afetivo


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Se o pet ainda exige alguma responsabilidade concreta, o bebê reborn elimina completamente o peso da realidade. Ele não adoece, não morre, não envelhece, não tem personalidade. É um bebê “ideal”, sob medida para o capricho emocional de um adulto ferido, frustrado ou imaturo.


Estamos diante de um sintoma avançado de narcisismo afetivo, uma cultura onde:


  • O outro não é amado por si, mas pelo que pode me dar.

  • O amor é substituído por um afeto unilateral e irreal.

  • A vida é evitada em favor de simulações emocionais.

  • A dor é recusada como se fosse um mal absoluto.


Essa é uma geração que rejeita a ideia de ser pai ou mãe porque isso implicaria morrer para si mesmo. Mas ao mesmo tempo anseia por se sentir amado, necessário, cuidado. A resposta encontrada? Cuidar de um objeto que simula vida, mas que não impõe nenhuma exigência moral.


3. O Corpo sem Alma: A Cultura da Morte no Cotidiano


A Igreja Católica nos ensina que a vida humana é sagrada desde a concepção até a morte natural. Um filho é sempre uma bênção, mesmo quando exige esforço. A cultura moderna, no entanto, abortou o sentido da vida antes mesmo de abortar seus filhos.

Enquanto se matam bebês reais no ventre materno, criam-se bonecas com nomes, berços e certidões para preencher um vazio criado pelo próprio pecado.

É a cultura da morte, denunciada com coragem por Papa João Paulo II: uma cultura que nega a cruz, banaliza o sofrimento, e rejeita qualquer forma de entrega real.

Essa cultura, quando aceita por cristãos, paralisa a vocação ao amor verdadeiro. E o amor verdadeiro sempre exige cruz. Não há ressurreição sem Calvário.


4. A Doença Espiritual por Trás do Fenômeno


A doença é mais profunda do que parece. Não é apenas psicológica — é espiritual.

O homem moderno se afastou de Deus, e quando o coração humano se esvazia do Absoluto, tudo vira substituto: o pet vira filho, a boneca vira bebê, o corpo vira brinquedo, o prazer vira sentido, e a mentira vira consolo.

“Nos criaste para Ti, Senhor, e inquieto está o nosso coração enquanto não repousa em Ti.” — Santo Agostinho

O problema não é o carinho por um animal ou a delicadeza de uma boneca. O problema é usar essas coisas como substitutos da realidade, como muletas emocionais que nos impedem de amadurecer, amar, sofrer e crescer.


5. Chamados à Cruz: O Amor Verdadeiro é Doação


A fé cristã ensina que o amor verdadeiro se manifesta na doação de si pelo outro. Ter filhos, fundar uma família, sofrer perdas, envelhecer — tudo isso faz parte da vocação humana à santidade.


A geração do reborn é a geração do medo da cruz. É a geração que troca a realidade por fantasias, que romantiza a solidão, que busca relações sem renúncia, e que ama a si mesma mais do que ao próximo.


Cristo nos oferece o caminho contrário: “Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei.” E como Ele nos amou? Morrendo por nós.


De Volta à Realidade, de Volta à Cruz, de Volta a Deus


A geração que troca filhos por pets e bonecas precisa urgentemente ouvir um apelo: Voltem à realidade! Voltem à cruz! Voltem a Deus!

A maternidade e a paternidade não são prisões. São caminhos de santificação. Os filhos não são obstáculos ao sucesso. São pontes para o Céu.

A solução para a dor não é inventar simulações de afeto. É acolher o sofrimento com sentido, com fé, com coragem.


Uma boneca pode até parecer um bebê. Mas não ama, não responde, não cresce, não salva.


Somente o amor real, o amor cristão, o amor que se doa e sofre e perdoa — esse sim, transforma o mundo.



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