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'Sexo é divino e orgasmo é presente de Deus': os casais com muitos filhos que crescem no catolicismo (BBC News)

Atualizado: 11 de abr.

Neste artigo, quero destacar os pontos problemáticos de uma matéria publicada pela BBC News sobre o que significa, para os católicos, ser aberto à vida.


Link matéria da BBC News: 


A abordagem apresentada contém inclinações que distorcem a vivência autêntica da fé católica.


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Ser aberto à vida não significa ter uma gravidez atrás da outra. Vai muito além de números. Trata-se de uma disposição do coração que acolhe o dom da vida com responsabilidade, generosidade e obediência à vontade de Deus — sempre dentro da vocação matrimonial.


O sexo não é "divino", é humano — mas tem dignidade.


A Igreja Católica reconhece que a sexualidade faz parte do plano de Deus para o ser humano. O ato conjugal entre esposos tem dignidade, mas não é "divino" em si. A palavra "divino" sugere algo da natureza de Deus, o que pode conduzir à idolatria do prazer ou à sacralização de algo que é bom, mas terreno.

Catecismo da Igreja Católica (CIC) 2360: "A sexualidade está ordenada ao amor conjugal do homem e da mulher. No matrimônio, a intimidade corporal dos esposos torna-se um sinal e um penhor de comunhão espiritual."

Portanto, o sexo tem um lugar sagrado dentro do matrimônio, mas não é "divino" no sentido teológico.


O orgasmo não é "presente de Deus", mas consequência natural do ato.


Embora o prazer não seja algo mau em si, a teologia católica nunca definiu o orgasmo como "presente de Deus". Isso seria reduzir o dom da sexualidade a uma experiência de prazer. A finalidade do ato conjugal é unitiva e procriativa — e o prazer deve estar subordinado a esse fim.

CIC 2362: "A sexualidade, mediante a qual o homem e a mulher se doam um ao outro com os atos próprios e exclusivos dos esposos, não é algo puramente biológico, mas diz respeito ao íntimo da pessoa humana como tal."

O prazer é permitido e até esperado dentro do matrimônio, mas não é fim em si mesmo.


Ter muitos filhos não é sobre “curtir o sexo”, mas sobre acolher a vida.


O crescimento de famílias numerosas entre católicos praticantes geralmente está ligado à abertura à vida, não à busca de prazer em seu fim. O número de filhos é resultado da vivência generosa da fecundidade, e não de uma ideologia hedonista com verniz religioso.

Humanae Vitae, 9 (Paulo VI): "O amor conjugal exige, portanto, dos esposos a consciência da sua missão de paternidade responsável."


O sexo no matrimônio é bom, é digno, é fecundo e é expressão de amor verdadeiro, mas chamá-lo de "divino" e o orgasmo de "presente de Deus" é uma deturpação sensualista que pode mascarar a verdade do ensinamento católico.


O verdadeiro católico sabe que o corpo é templo do Espírito Santo (1 Cor 6,19), e por isso vive a sexualidade com responsabilidade, pureza e amor verdadeiro — não com uma teologia do prazer disfarçada de piedade.


BBC News:

"Eles são católicos 'abertos à vida', um perfil que [...] tem se multiplicado nos últimos anos em diferentes grupos dentro da Igreja, a grande maioria conservadores e com identificação política com a direita."


Essa afirmação tenta sugerir que o vínculo entre fé católica autêntica e valores políticos de direita é uma tendência cultural ou sociológica recente. No entanto, essa relação não é casual ou conjuntural — ela é consequência natural da fidelidade ao Magistério da Igreja.


Encíclica Divini Redemptoris (Papa Pio XI, 1937):“O comunismo é intrinsecamente perverso e não se pode admitir colaboração alguma com ele por parte de quem quer que deseje salvar a civilização cristã.”

O comunismo, base ideológica de boa parte da esquerda moderna, é condenado de forma clara, direta e irreformável pelo Magistério da Igreja. Seus fundamentos — materialismo ateu, abolição da propriedade privada, destruição da família tradicional, negação da dignidade da alma imortal — são absolutamente incompatíveis com a fé católica.


Católico pode ser de esquerda?


Não. A esquerda, como projeto ideológico, sustenta princípios que contradizem diretamente a doutrina católica, como:


  • Defesa do aborto (contra o mandamento “Não matarás”)

  • Ideologia de gênero (nega a natureza humana criada por Deus)

  • Destruição ou relativização da família

  • Estatismo moral que substitui Deus pelo Estado

  • Perseguição ou relativização da fé cristã


Portanto, dizer que um católico é "de esquerda" é uma contradição.



Nesse contexto, dizer que um católico fiel é “de direita” pode até ser considerado um pleonasmo, pois quem vive segundo os valores evangélicos inevitavelmente se posiciona ao lado da vida, da família, da liberdade religiosa, da ordem natural e da responsabilidade moral — princípios geralmente associados à chamada "direita".

Contudo, importante lembrar:

O catolicismo não é uma ideologia. Os católicos fiéis rejeitam toda ideologia que contradiz o Evangelho — o que inclui a esquerda em sua essência.

BBC News:

"É a ideia de que 'primeiro Deus manda os filhos, depois, as condições de criar', repetida por muitos dos adeptos que conversaram com a reportagem."

Refutação com base na doutrina católica:


A crítica contida nessa frase tenta pintar os católicos abertos à vida como irresponsáveis ou inconscientes, como se colocassem filhos no mundo sem nenhum senso de realidade. Porém, essa ideia revela uma incompreensão profunda da fé cristã e da confiança radical que os católicos são chamados a ter em Deus.


O que a Igreja ensina sobre o matrimônio e os filhos?

Código de Direito Canônico, cân. 1055 §1"O matrimônio é uma aliança pela qual o homem e a mulher constituem entre si uma comunhão de toda a vida, ordenada por sua índole natural ao bem dos cônjuges e à geração e educação da prole."
Encíclica Casti Connubii (Papa Pio XI, 1930)"O fim primário do matrimônio é a procriação e educação da prole; o secundário é o auxílio mútuo e o remédio da concupiscência."

Portanto, os esposos católicos não têm filhos por capricho, vaidade ou impulso emocional, mas porque reconhecem no dom da vida uma participação no próprio poder criador de Deus.


"Deus manda os filhos, depois as condições": fé, não imprudência


Essa frase não é um slogan inconsequente, mas expressa a espiritualidade da

confiança na Providência Divina, que é bíblica e tradicional na vida dos santos.

São Mateus 6,31-33"Não vos preocupeis, dizendo: Que comeremos? Que beberemos? Com que nos vestiremos? São os pagãos que se preocupam com tudo isso. Vosso Pai celeste sabe que necessitais de tudo isso. Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão dadas em acréscimo."

Os católicos não negam a responsabilidade. Pelo contrário, têm consciência de que cada filho exige esforço, sacrifício, renúncia e amor. Mas rejeitam a mentalidade pagã de que só se pode acolher um filho se houver uma “estrutura perfeita”.


Abertura à vida não é irresponsabilidade, é santidade


Em última análise, os católicos que vivem o matrimônio segundo a fé não dizem:


"Vamos ter filhos de qualquer jeito.Mas sim: Senhor, se quiseres nos enviar filhos, estamos abertos — confiamos que proverás o necessário."


Reduzir essa disposição generosa à caricatura de “fanatismo religioso” ou “inconsciência social” é não só desonesto intelectualmente, como um ataque à própria virtude da fé, que é central na vida cristã.


BBC News:

“Planejamento familiar ‘aprovado’ pela Igreja.”


Devemos ter muito cuidado com esse tipo de linguagem, pois quem planeja a família não somos nós — é Deus. A missão do casal católico é discernir e colaborar com a vontade divina, não substituí-la por um plano humano disfarçado de piedade.


Muitos dizem: "Seja o que Deus quiser", mas, na prática, vivem como se dissessem:

“Seja o que EU quiser.”

A verdadeira abertura à vida exige humildade diante da vontade divina e uma disposição interior de entrega, como Nossa Senhora:

“Faça-se em mim segundo a Tua palavra.” (Lc 1,38)

Quando é lícito espaçar uma gestação?


O Magistério da Igreja permite o uso do método natural (Regulação Natural da Fertilidade) somente em situações sérias e justificáveis. O casal deve ter motivos justos, graves ou proporcionados para evitar temporariamente uma gravidez.

Encíclica Humanae Vitae, nº 16:"Se existirem motivos sérios para espaçar os nascimentos, fundados nas condições físicas ou psicológicas dos esposos ou em circunstâncias exteriores, a Igreja permite recorrer aos períodos infecundos."

Ou seja, as razões precisam ser objetivamente sérias, como:


  1. Motivos de saúde física ou mental sérios

  2. Dificuldades econômicas reais e não imaginárias

  3. Condições externas graves (como perseguição, guerra, pobreza extrema)


Não é lícito usar o método natural com mentalidade contraceptiva — isto é, como se fosse uma “camisinha”. Isso seria abusar de um meio lícito para um fim ilícito. Infelizmente, muitos casais que se dizem católicos utilizam os métodos naturais com o mesmo espírito da contracepção moderna:

“Vamos fazer de tudo para não engravidar, só que do jeito ‘aprovado’ pela Igreja.”

Esse comportamento fere gravemente o espírito da doutrina católica. Não basta o método ser natural — a intenção precisa ser moral.


O casal católico deve sempre se perguntar:

“Estamos fechando as portas à vida por medo, por egoísmo ou por desconfiança da providência?”


  • Quem planeja de verdade é Deus.

  • O método natural é lícito apenas quando usado com motivos sérios.

  • Usá-lo com mentalidade contraceptiva é um erro moral grave.

  • Ser católico é viver a confiança radical na providência, não no controle absoluto.


Conclusão


Vivemos em tempos em que até mesmo dentro da Igreja muitos têm cedido à lógica do mundo — uma lógica de controle, medo, cálculo e desconfiança da Providência Divina. O casamento, instituído por Deus, não é um contrato de conveniência, mas uma vocação de entrega, abertura à vida e santificação mútua dos esposos.

Ser católico é mais do que professar uma fé aos domingos ou ostentar símbolos religiosos — é viver cada aspecto da vida com Cristo no centro, inclusive a fertilidade e a geração de filhos.


Não existe “catolicismo progressista” ou “catolicismo moderno” que relativize os princípios inegociáveis do Evangelho. Existe o catolicismo fiel — e é esse que, naturalmente, se identifica com valores tidos como “de direita”, porque eles estão alinhados à ordem natural, à defesa da vida, da família, da verdade e da fé.


Portanto, “ser católico de direita” não é uma escolha política — é apenas coerência com a fé. E “ser aberto à vida” não é uma moda de nicho, mas uma resposta de amor e confiança ao chamado de Deus para o matrimônio.



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